Ela teve de inclinar a cabeça para trás para olhar para ele. Estava novamente a fazê-lo, a tentar dominar com a sua presença e vontade. Comprazia-se nisso e ele sentiu vontade de lhe bater pelo efeito que exercia nela. Com o avolumar da raiva, a sua pulsação acelerou.
- Como se atreve a falar do meu futuro? E logo o senhor! Há um mês já não era promissor. Não possuía fortuna nem beleza mas pelo menos tinha um lar e uma família. É chocante que aborde o assunto à minha frente.
Ele aceitou as acusações sem comentar. Ela viu nos olhos faiscantes dele um reflexo dos seus. Soou um alerta dentro de si, mas ela ignorou-o.
- Há homens que procuram mais do que a fortuna e não lhe falta beleza. - Tendo em conta a expressão dele, intensa e dura, a sua voz soou muito calma.
- Agora está a ser cruel.
- Os seus olhos são duas maravilhas. Hipnotizantes. E reflectem o seu espirito indómito.
A lisonja deixou-a sem fala. A sua mente fervilhava, procurando ordenar ideias que se dispersavam com o choque, mas não havia maneira de o fazer.
Ele estava agora mais próximo. Ela não se apercebera do seu movimento mas estava muito próximo. Demasiado próximo. Fixou-a nos olhos e, por sua vez, hipnotizou-a.
Um calor suave na sua face. Ele estava a tocar nela. A ponta dos dedos dele provocou-lhe um arrepio por todo o corpo. Devia...
- A sua tez também é encantadora - disse ele, acariciando-a subtilmente. O doce contacto, surpreendente e íntimo, cortou-lhe a respiração. Ele baixou os olhos. - E a sua boca, Miss Welbourne. Bem, a sua boca é bele de um modo que duvido que alguma vez venha a compreender.
Voltou a olhá-la nos olhos e mais uma vez a atordiu. O seu olhar ardia, fogoso e abrasador, repleto do perigo que desde o ínicio pressentira nele. (...)
A boca dele pressionou a sua. Quente, firme, dominador, o beijo produziu uma onda de choque prodigiosa.