O livro é uma coisa espantosa. É um objecto plano, feito a partir de uma árvore . É montado com um conjunto de partes planas e flexíveis (que ainda são chamadas de "folhas") onde estão impressos rabiscos de pigmento preto. Basta dar-lhe uma olhada e começámos a ouvir a voz de outra pessoa, talvez de alguém que já morreu há milhares de anos. O seu autor fala através dos milénios de forma clara e silenciosa, dentro da nossa cabeça, directamente para nós. A escrita é talvez a maior das invenções humanas, que junta pessoas, cidadãos de outras épocas, que nunca se conheceram. Os livros quebram as correntes do tempo e são a prova de que os humanos conseguem fazer magia. - Carl Sagan

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

"O Diário de Jack, o Estripador" - Shirley Harrison


Polly Nichols foi vista, pelo menos, três pessoas a vaguear pelas ruas escuras, à procura de um cliente que precisasse de «uma de pé por 4 dinheiros». O relógio da igreja paroquial de St Mary Martfellon bateu as 2:30 h enquanto ela percorria quase 2km da Whitechapel Road, onde deve ter encontrado Maybrick. Às 3:40 h dessa madrugada, estava morta.
     Tinham trocado a estrada principal pela Buck’s Road, uma rua empedrada que, segundo o Evening News, não estava «sobrecarregada com candeeiros de gás». De um doa lados havia uma fileira de casas novas e, do outro, armazéns altos. Aí, Mabrick empurrou Polly Nichols, pelos queixos, contra o portão do pátio de um estábulo e estrangulou-a. Atirou-a para o chão e, com a sua faca nova e brilhante, cortou-lhe a garganta até às vértebras.
     A fantasia e obsessão de Maybrick com a decapitação são um tema constante em todos os seus relatos dos crimes de Whitechapel – e os relatórios médicos oficiais da época confirmam que, efectivamente, de todas as vezes se encontraram golpes profundos em volta da garganta.
     “Mostrei a todos que estou a falar a sério, o prazer foi muitíssimo melhor do que imaginara. A puta estava demasiado desejosa de fazer o seu serviço. Lembro-me de tudo e excita-me. Não houve grito quando cortei. Fiquei mais do que irritado quando a cabeça não saiu. Julgo que precisarei de mais força da próxima vez. Golpeei-a profundamente. Lamento não ter a bengala, teria sido um prazer enterrá-la com força nela. A puta abriu-se como um pêssego maduro. Decidi que da próxima vez vou tirar tudo para fora. O meu remédio dar-me-á força e o pensamento da puta e do seu proxeneta vai espicaçar-me sem dúvida.”
     Frustrado por não ter conseguido retirar a cabeça da vítima, o Estripador rasgou-lhe então a saia e golpeou-lhe e cortou-lhe a barriga com selvajaria.
     Depois, afastou-se em silêncio. Nenhum dos residentes ou dos guardas-nocturnos ouviu o que quer que fosse.


Sem comentários:

Enviar um comentário