O livro é uma coisa espantosa. É um objecto plano, feito a partir de uma árvore . É montado com um conjunto de partes planas e flexíveis (que ainda são chamadas de "folhas") onde estão impressos rabiscos de pigmento preto. Basta dar-lhe uma olhada e começámos a ouvir a voz de outra pessoa, talvez de alguém que já morreu há milhares de anos. O seu autor fala através dos milénios de forma clara e silenciosa, dentro da nossa cabeça, directamente para nós. A escrita é talvez a maior das invenções humanas, que junta pessoas, cidadãos de outras épocas, que nunca se conheceram. Os livros quebram as correntes do tempo e são a prova de que os humanos conseguem fazer magia. - Carl Sagan

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

"As Regras da Sedução" - Madeline Hunter



Ela teve de inclinar a cabeça para trás para olhar para ele. Estava novamente a fazê-lo, a tentar dominar com a sua presença e vontade. Comprazia-se nisso e ele sentiu vontade de lhe bater pelo efeito que exercia nela. Com o avolumar da raiva, a sua pulsação acelerou.
     - Como se atreve a falar do meu futuro? E logo o senhor! Há um mês já não era promissor. Não possuía fortuna nem beleza mas pelo menos tinha um lar e uma família. É chocante que aborde o assunto à minha frente.
     Ele aceitou as acusações sem comentar. Ela viu nos olhos faiscantes dele um reflexo dos seus. Soou um alerta dentro de si, mas ela ignorou-o.
     - Há homens que procuram mais do que a fortuna e não lhe falta beleza. - Tendo em conta a expressão dele, intensa e dura, a sua voz soou muito calma.
     - Agora está a ser cruel.
     - Os seus olhos são duas maravilhas. Hipnotizantes. E reflectem o seu espirito indómito.
     A lisonja deixou-a sem fala. A sua mente fervilhava, procurando ordenar ideias que se dispersavam com o choque, mas não havia maneira de o fazer.
     Ele estava agora mais próximo. Ela não se apercebera do seu movimento mas estava muito próximo. Demasiado próximo. Fixou-a nos olhos e, por sua vez, hipnotizou-a.
     Um calor suave na sua face. Ele estava a tocar nela. A ponta dos dedos dele provocou-lhe um arrepio por todo o corpo. Devia...
      - A sua tez também é encantadora - disse ele, acariciando-a subtilmente. O doce contacto, surpreendente e íntimo, cortou-lhe a respiração. Ele baixou os olhos. - E a sua boca, Miss Welbourne. Bem, a sua boca é bele de um modo que duvido que alguma vez venha a compreender.
     Voltou a olhá-la nos olhos e mais uma vez a atordiu. O seu olhar ardia, fogoso e abrasador, repleto do perigo que desde o ínicio pressentira nele. (...)
     A boca dele pressionou a sua. Quente, firme, dominador, o beijo produziu uma onda de choque prodigiosa.

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